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Falecimento do António Galveia

 A nossa família comando com o passar do tempo fica mais pobre, desta vez foi o nosso camarada António Galveia que partiu em 22 de Janeiro de 2019, na partida de cada um de nós deixa momentos de tristeza e de saudades, o funeral foi hoje onde estiveram presentes vários camaradas nossos para o acompanharem á sua última morada, na hora da despedida foi lida pelo nosso camarada Furriel, Fernando Moreira Rodrigues uma mensagem enviada pelo Comandante de grupo a que pertenciam, Alferes Luís Cecílio que apesar de estar longe (Angola) não quis deixar de lhe prestar a merecida homenagem


 

MENSAGEM DO CECÍLIO 
"Quando ontem, terça-feira 22, pelas 11H20 de Luanda, (10H20 Lisboa), o telefone do Galveia tocou, emocionei-me. Mesmo antes de atender, já previa o que me iriam dizer do outro lado!
A família que o acompanhou anualmente aos Convívios da Companhia, é testemunha de como ele era especial, para todos.
Dada a impossibilidade de estar presente, gostaria de vos deixar um testemunho de quão enorme foi o vosso pai e a gratidão que lhe terei, sempre. 
- Em 1973, na Zona Leste de Angola e como comandante de um grupo de combate da 41ª Companhia de Comandos, cometi um erro tremendo. - Conduzi mal o meu grupo deixando-o cair numa emboscada suicida. 
Estávamos colados ao chão, os tiros batiam tão perto que a terra saltava-nos para a cara. Do meu lado direito um camarada e do esquerdo outro, o Galveias. Os 3 numa “zona de morte”, a poucos metros dos inimigos e debaixo de fogo intenso, sem qualquer tipo de protecção. 
Eu tinha disposto o grupo mal no terreno, de tal forma que, só eu e o vosso pai conseguíamos responder.
Gritei: “Vamos reagir”; 
Respondeu: “Aguente” e com alguns palavrões pelo meio berrou que a metralhadora estava encravada; 
Insisti: “Vou sair”;
Respondeu: “Vamos a eles” ….. e saltou do chão com uma impulsão de quem tem molas nos pés, apesar da pequena compleição física e de transportar a arma mais pesada do grupo.
Ele estaria certamente muito zangado comigo e poderia ter-se protegido na mata, rebolando poucos metros, abandonando-me à minha sorte. – Não o fez! 
O que pode levar um rapaz de 20 anos, que não quer morrer e se pode “safar”, a ficar e a arriscar a vida por outro que mal conhecia e com quem até está muito zangado, naquele momento.
Reagir a uma emboscada é uma acção de tremendo risco, extrema, última, em que corremos de frente contra o fogo inimigo, fazendo zig-zag e disparando.
Será que consigo ser bem explícito? O vosso pai optou por pôr a própria vida à minha disposição, consciente de que teria grandes probabilidades de morrer, em vez de se tentar proteger. - Como o poderemos classificar esta postura e este Homem?
Se hoje estivesse aí convosco, colocaria a minha velha boina e de frente para o vosso pai far-lhe-ia a mais correcta das continência e dir-lhe-ia, obrigado.

Nota: No final do combate, cheios de sede, verificámos que tínhamos os cantis furados, assim como as mochilas e as embalagens de plástico com reserva de água, no seu interior. As nossas armas também foram atingidas. – Não fomos feridos.
Não voltei a cometer outro erro, com esta gravidade e apesar de termos tido diversos combates o nosso grupo não sofreu baixas."

Até sempre camarada, MAMA SUAE


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